A falta de conectividade para pessoas pretas

A falta de conectividade para pessoas pretas

26 de outubro de 2023 Off Por MasterYa

É um fato bem estabelecido que o Brasil é uma nação marcada por extrema desigualdade social.

No entanto, esta desigualdade estende-se até à arena digital, resultando estas disparidades em consequências tangíveis no mundo real. Em 2022, um estudo realizado em conjunto pelo Instituto Locomotivas e pela consultoria PwC constatou que mais de 33 milhões de pessoas no Brasil não conseguem acessar a internet.

 

Apesar de estarmos numa era de maior conectividade, a questão permanece: como podemos superar este obstáculo da exclusão digital quando o 6G já está a clamar às portas de inúmeras empresas de telecomunicações?

 

 

Segundo o estudo, aproximadamente 20% da população brasileira com mais de 16 anos pode classificada como grupo “desconectado”. Esses grupos compostos principalmente por indivíduos que se identificam como negros e pertencem às classes C, D e E.

 

Além disso, os grupos “subconectados” e “parcialmente desconectados” representam 25% e 26% da população, respectivamente. Esses dados servem como uma representação clara da exclusão digital presente no Brasil e destacam os desafios que ainda precisam ser enfrentados.

 

 

Vale lembrar que durante a pandemia, a mesma população foi gravemente afetada pelos efeitos colaterais da crise sanitária global causada pela Convid-19.

Isto acabou por afetar não só a inviabilidade do trabalho a partir de casa, mas também o início do ensino e da aprendizagem em formato de ensino a distância.

 

 

No meio deste impasse, a indústria das telecomunicações começou a discutir o 6G, a rede móvel da próxima geração. Porém, este é um momento muito delicado para falar de progresso, e dar alguns passos para trás só reforça o que o rapper e compositor brasileiro Mano Brown costuma dizer: Precisamos voltar à base.

 

Para enfrentar este desafio, os governos, as organizações sem fins lucrativos e as empresas privadas devem trabalhar em conjunto para criar infra-estruturas de Internet acessíveis e utilizáveis ​​em áreas marginalizadas.

 

Além disso, é importante proporcionar formação e educação sobre a utilização da Internet para que as pessoas possam tirar o máximo partido dos recursos online.

 

O acesso equitativo à conectividade é fundamental para promover a igualdade de oportunidades e reduzir as disparidades sociais e económicas.

Enquanto a inclusão tecnológica não estiver no centro dos debates sobre conectividade no Brasil e no mundo, qualquer progresso exigirá alguns passos para trás.

 

 

Fique por dentro: Conectividade e inclusão digital são os temas do 30º Prêmio Jovem Cientista
A tecnologia pode mudar o mundo num instante, mas é preciso pensar lateralmente para que todos os grupos sociais possam usufruir de novas ferramentas e possam navegar democraticamente neste oceano digital.

 

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*André Menezes é gerente de programas da Netflix. Possui o título de Master of Arts em Extensão (ALM) na área de gestão (Master of Arts com ênfase em administração)

 

  • fonte: tecmundo.com